terça-feira, 22 de julho de 2008


NOTÍCIAS DO MOMENTO


Salvador, Bahia
Domingo , 20/07/2008
1º Caderno

Turismo e zabumba


JOLIVALDO FREITAS

 Os festejos juninos já ficaram na memória, mas é bom saber que os resultados positivos agora estão sendo conhecidos, levando-se em conta uma nova realidade presenciada pela primeira vez na Bahia. Foi de causar surpresa o fato de um governo que tem relaxado com o trade turístico, a ponto de deixar o Pelourinho às escuras, sem segurança e sem atrações culturais ou manifestações folclóricas em suas praças – mesmo sendo este sítio o mais representativo de toda a região –, ter investido, como nunca, na Festa de São João.

Tem quem não saiba que o maior São João do Nordeste não está em Pernambuco ou na Paraíba. No primeiro caso a maior praça é Caruaru, para onde convergem a cada ano mais de um milhão de pessoas em exatos 30 dias de festas contínuas. No caso paraibano, cujo foco é Campina Grande, são mais de 800 mil turistas que chegam de todo o País para mais uma batelada de dias de festa. Mas, estas se concentram nos dois municípios e não passa disso. Fora daí só algumas roças oferecendo pé-de-serra para consumo dos próprios mora dores.

Na Bahia, 90% dos 417 municípios fazem festa no São João. Eventos de todos os tipos, tamanhos e gostos. São gerados mais de cinco mil empregos e a economia ganha um upgrade da maior importância. Um faturamento superior a R$ 500 milhões. Basta saber que o São João na Bahia gera mais faturamento que o Carnaval, e envolve mais do dobro do número de pessoas. Sem falar que o faturamento carnavalesco está centrado nas mãos de poucos.

No São João é uma economia diluída, alcançando a poupança de muito mais gente.

Portanto, é de se louvar a atitude das autoridades do turismo baiano, que, pela primeira vez, decidiram tratar o São João como coisa séria, divulgando maciçamente e de forma profissional a festa, tanto no resto do País como também no Mercosul. O trabalho já deu resultado, pois somente as empresas turísticas trouxeram milhares de pessoas de fora para a festa em diversos municípios.

No final do trimestre passado publiquei, neste mesmo espaço, um artigo irado onde mostrava minha irritação com o fato de o Brasil não conhecer a pujança do nosso São João. Tinha acabado de brigar com historiadores e folcloristas nordestinos que não sabiam que nos nossos municípios ecoam acordeom, triângulo, zabumba e até trio elétrico, por que não? Claro que um trabalho deste tipo precisa de tempo para se consolidar. A iniciativa foi tão boa que até o Pelourinho viveu horas que relembraram seus melhores momentos: bares, lojas e restaurantes funcionando a pleno vapor. Comerciantes, músicos e artistas plásticos rindo à toa. Turistas e nativos em ebulição.

E, é bom que se registre, até Salvador mostrou sua vocação bucólica. Uma velha província iluminada por balões e fogueiras de papel crepom.

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domingo, 13 de julho de 2008


ERRO

Por falha nossa foram postadas as notícias abaixo na área de crônicas. Pedimos desculpas. As crônicas vêm logo depois. Obrigado.

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NOTÍCIAS DO MOMENTO

PIRAJÁ ENCERRA HOJE FESTEJOS DA INDEPENDÊNCIA

 

 

Reggae, forró, pagode, por rock, partido alto, axé e arrocha. A Fundação Gregório de Mattos este ano inovou para o encerramento dos Os festejos do 2 de Julho. A diversidade dará o tom da festa na Praça Genaral Labatut neste final de semana, em Pirajá, com 21 atrações, entre grupos e blocos de trio.

   Hoje, domingo a programação começa mais cedo. Às 8 tem missa solene na Igreja Matriz, na Praça General Labatut. Às 9 há concentração para o desfile cívico, que sai  do fim de linha da Rua Velha para a Praça General Labatut. Às 10 os blocos de trio que participarão da festa dão início a parte profana do cortejo cívico. São eles: Fora de Forma, As Borboletas, Bom Partido, As Delicias, Levada OX, Bloco no Stilo, Bloco no Fox, Só Refazer e Nação Reggae. Os shows começam na parte da tarde com o partido alto do Coisa de Pele (16hs), seguido pelo pagode do Renova Samba (17h30), Crack Bum (19h00) e Banda Mistério (20h30 )

 

A Polícia Militar, através da 9ª Companhia Independente de Polícia Militar, enviará soldados: "queremos mostrar a história desse bairro, onde estão os restos mortais do general Labatut e promover a cultura", explica um dos organizadores da festa, o líder comunitário Fábio Ferreira. O evento acontece com o apoio da Fundação Gregório de Mattos, Cepam, AR 16 (Pirajá –Valéria), Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Saúde,  Polícia Militar, Sucom, Sesp-Limpurb, e  Superintendência de Engenharia de Tráfego (Set). 

 

 

 

Agronegócio

 

Modernização da cadeia na 1ª Expocarne.

 

Entre os dias 13 e 17 de agosto, Salvador vai sediar a Expocarne 2008, um evento voltado para a cadeia produtiva da carne, integrado à programação da Exporural, feira agropecuária que tem à frente a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo (ABCC), e deve levar cerca de 300 mil pessoas ao Parque de Exposições de Salvador no período. O evento tem como objetivos apresentar a Bahia como um destino competitivo para a instalação de novos pólos industriais de carne, promover o relacionamento entre as empresas do setor entre si e possíveis investidores, e apresentar soluções viáveis, em conformidade com a legislação sanitária vigente, para os frigoríficos já instalados no estado. Além disso, esclarecer dúvidas sobre o produto, não apenas entre profissionais do setor, como junto ao consumidor final.

 

 A Expocarne será realizada em uma área de 5mil metros quadrados, com espaços específicos para exposição e rodada de negócios, seminários, cursos, provas de Ganho de Peso e Avaliação de Carcaça, e até uma cozinha experimental. Além de pecuaristas, devem participar veterinários, técnicos, importadores, exportadores, distribuidores, atacadistas, supermercadistas, autoridades sanitárias, dentre outros públicos.

 

 À frente da Expocarne está a ABCC, com apoio do Governo da Bahia, Ministério da Agricultura e Irrigação e Abastecimento (Mapa), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Banco do Nordeste (BNB), Senar e Sebrae.

 

Conjuntura favorável

 

 Segundo os organizadores, a Expocarne acontece no momento em que o setor produtivo de carnes bovinas foi responsável, de acordo com o IBGE, por puxar o crescimento da produção na região Nordeste, a única no país a ter incremento de 7,3%. "Trata-se de um efeito da uma nova mentalidade que chega ao setor produtivo e da entrada em funcionamento dos novos equipamentos industriais de abate", explica o presidente da ABCC, Oscar Villas Boas. Em lugar de crescimento, Villas Boas prefere a palavra recuperação.

 

 "Ainda estamos muito longe do potencial produtivo do estado, considerado o volume de propriedades rurais e o desfrute ideal. Temos capacidade instalada na pecuária para dobrar a produção em curto e médio prazo, se houver investimento na recuperação de pastagens, capacitação do produtor e melhoramento genético. A Expocarne é um passo para isso, pois abre a discussão para produção, qualidade e abate", conclui.

 

 Fronteiras abertas

 

 A produção majoritariamente a pasto, a volta do certificado de Zona Livre de Aftosa, juntamente com a facilidade de acesso aos resíduos das agroindústrias da região Oeste para a alimentação concentrada são alguns diferenciais da carne baiana, segundo o coordenador de Pecuária da Secretaria da Agricultura da Bahia, Alex Bastos.

 

 "Temos uma carne saudável, economicamente competitiva e uma meta arrojada de modernizar o setor industrial e instalar novas indústrias para garantir a tão esperada exportação, que ainda não acontece no estado. Com a criação de um evento cativo do gênero no calendário nacional, abrimos um fórum permanente de debates e reafirmamos o posicionamento da Bahia no cenário nacional", afirma o coordenador.

 

 

TRABALHO

 

Sindilimp teme perder controle sobre trabalhadores demitidos da Macrosel

 

 

O desespero tomou conta de tal forma dos 1.700 funcionários demitidos da Macrosel, empresa que teve seu contrato rescindido com o governo depois de ser relacionada pela Operação Jaleco Branco entre aquelas que fraudavam licitações no Estado, que alguns, até por desinformação, já ameaçam agredir os advogados do Sindilimp (Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia) e invadir a sede da Justiça do Trabalho e a secretaria estadual de Saúde na tentativa de receber as parcelas rescisórias relativas a aviso prévio e FGTS. A informação é da direçào da entidade, que se manifesta preocupada com a demora na solução do problema dos trabalhadores. Depois de inúmeras providências junto à Justiça do Trabalho, Procuradoria Geral do Estado da Bahia e à Sesab, o Sindilimp conseguiu bloquear todas as faturas da Macrosel e derrubar a liminar de bloqueio proferida pela 28ª Vara Civil, proveniente de ação de execução movida pela Nutricash Serviços de Alimentação ao Trabalhador Ltda., no valor de R$ 966.729,42, garantindo que o valor fosse destinado para o pagamento das verbas rescisórias. Nada, entretanto, foi ainda pago.

 

 

DIREITOS HUMANOS

 

Secretaria da Justiça investe na educação dos internos

 

 

Para dinamizar as atividades educativas propostas aos internos, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), representada pela Coordenação de Estudos e Desenvolvimento da Gestão Penal, começou a entregar televisores e aparelhos de DVD às 22 unidades prisionais da capital e do interior do estado.

 

A partir desse projeto, as aulas ministradas para reclusos contarão com recursos multimídia, possibilitando a discussão de temas e maior aprendizado por meio da exibição de filmes, programas educativos e música. O material também será utilizado nas atividades ligadas à cultura e lazer, em cumprimento à lei de execuções penais que determina medidas voltadas à reintegração dos internos na sociedade.

 

 

CULTURA

 

Inscrições abertas para seminário de cinema internacional

 

Estão abertas as inscrições para o IV SEMCINE - Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual da Bahia, que acontece entre 21 e 26 de julho, em Salvador. O evento se destaca na promoção de intercâmbio cultural, discussões e reflexões sobre a criação, produção, circulação e consumo do audiovisual.

 

Nas edições anteriores nomes como o cineasta grego Constantin Costa-Gavras, o cineasta chileno Miguel Littin (Chile), além de pesquisadores como Robert Stam (New York University), Michel Marie (Sorbonne) integraram as atividades do evento.

 

Nesta quarta edição estão confirmadas mesas redondas, workshops, encontros de produtores e distribuidores, além de mostras de filmes e vídeos. A grande novidade é a parceria com o Festival des 3 Continents de Nantes, que vai trazer a Salvador o Produire au Sud, um workshop que irá desenvolver seis projetos brasileiros de longa-metragem para o mercado internacional.

 

VALORES ACESSÍVEIS

 

O valor da inscrição para os seis dias de evento é de R$ 40,00 (quarenta reais), inteira, e R$ 20,00 (vinte reais), meia para estudantes e maiores de 60 anos. Com esta única taxa o público garante acesso a todas as sessões de filmes, palestras e debates, incluindo o certificado de participação no evento.

 

As inscrições podem ser realizadas através de formulário no site do evento www.seminariodecinema.com.br. O passo seguinte é efetivar o pagamento e, em seguida, confirmar a participação, o que pode ser feito na coordenação do seminário, localizada na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), através do fax: (71) 3283-7017 ou ainda por e-mail com o comprovante do pagamento em anexo.

 

Obs: Inscrições prorrogadas até o dia 20 de julho.

www.seminariodecinema.com.br

 

 

Amplo documento visual resgata genocídio judaico

 

 

Para muitos, é o documentário definitivo sobre o genocídio judeu na Segunda Guerra Mundial. Ao longo de quase 10 anos, o documentarista francês Claude Lanzmann colheu depoimentos e pesquisou documentos históricos para compor o monumental Shoah.

 

O documentário de nada menos que nove horas, por intermédio do Instituto Goethe, chega novamente às telas de Salvador. De 14 a 17 deste mês, a Sala Walter da Silveira exibe, em quatro partes, sempre na sessão das 15h, com entrada gratuita, a íntegra dessa obra-prima do cinema mundial.

 

Lançado em Paris no verão de 1985, Shoah vem tendo exibições, sempre dentro de esquemas especiais de preparação do público, em várias partes do mundo. No Brasil, sua primeira projeção aconteceu numa mostra paralela do II Festival Internacional de Cinema, Vídeo e Televisão, em novembro de 1985.

 

Shoah não apresenta explicitamente os horrores dos campos de concentração. Lanzmann, que em 1973 já havia realizado outro documentário importante (Por que Israel?), buscou um jornalismo com nove horas.

 

 

 

 Inscrições para o curso de italiano da Uneb vão até amanhã

 

         

O Núcleo de Estudos Italianos (Nesti) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em parceria com a Associação Científica e Sociocultural Pati, inscreve, até  esta sexta-feira (11), os interessados no Curso Intensivo de Língua e Cultura Italianas, níveis I e II.

 

Destinado para iniciantes, o curso é organizado seguindo o Quadro comum europeu de referência para as línguas. Com equivalência de um semestre regular (com 35 horas/aula), o curso de língua e cultura italiana do Nesti será realizado na sede da Pati, das 18h30 às 20h50, de segunda a quinta-feira.

 

As aulas acontecerão no período de 14 de julho a 6 de agosto e o material didático, que serve para os dois níveis, será vendido na sede da Pati por R$50. Os interessados podem comparecer pela manhã (das 8h30 às 12h) ou pela tarde (das 14h às 19h) na sede da Pati: Travessa dos Barris, número 30, Barris, em Salvador. O investimento é de R$200. Mais informações no site www.uneb.br.

 

 

Bahiagás prorroga inscrições de edital de patrocínio

 

 

Para dar maior oportunidade aos que moram no interior, a Bahiagás  prorrogou para o dia 21 deste mês as inscrições para a seleção pública de projetos culturais, esportivos e de inclusão social. Ao todo, serão aplicados recursos de R$ 590 mil. Os patrocínios serão concedidos por intermédio dos programas de incentivo Faz Atleta e Faz Cultura, além de investimentos diretos.

 

Este ano, a companhia já destinou aproximadamente R$ 1,5 milhão em apoios institucionais. Os interessados podem consultar o edital no site da empresa (www.bahiagas.com.br), preencher o formulário de inscrição e entregar ou enviar, juntamente com o projeto, para a sede da Bahiagás, em Salvador.

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ESPAÇO POESIA

O AMOR NÃO É CEGO

  

 

Ernane Gusmão

 

 

Se fosse cego,o amor não encontrava

O ponto certo pra se atracar.

Era perdido pelo mundo,andava

Como Tirésias – só adivinhar!.

 

A triste sina que o acompanhava-

Abria as narinas a cheirar,

Corria longos dedos a palpar,

E sem  nunca saber a quem amava.

 

A cegueira do amor é d'outra arte,

Ama aqui, ama ali, e logo parte

Em busca de outra terra,outro rincão.

 

É como um beija-flor que voa e suga,

Vai e retorna,controlando a fuga

E sabe onde está seu coração.

 

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CRÔNICA

Domingo, 13 de Julho de 2008  

Caçando policial gordo

   Não estou inventando e olha que gosto de inventar, desde menino, e quem me conhece sabe. Eu vi com estes olhos que as lombrigas irão comer, um policial tentando correr do epicentro de um tiroteio na avenida Tancredo Neves (aliás, se Tancredo vivo o fosse iria pedir para tirar seu nome de lá, pois a artéria foi transformada num autêntico Curral OK, onde só tem bandido. Aliás, repito de novo, não estou inventando, mas já vi até cavalo e boi andando em direção ao Costa Azul, no meio do trânsito, coisas que somente acontecem em Salvador). Você então me pergunta: e daí?
   Claro que polícia não é besta de ficar no meio das balas zunindo e se enterrando nas paredes, nas chaparias dos carros e na carne dos outros. O inusitado era que por mais que corresse quase não saia do lugar. O policial estava tão gordo que não dava um passo inteiro e bufava tanto que se ouvia de longe. Lá de cima do prédio, onde eu me encontrava fazendo exames para baixar a pressão, meu coração disparava vendo a aflição do homem. Tome tiro e ele tentando alcançar a proteção de um prédio. Quando consegue atravessar a rua às duras penas, a farda tão apertada nos coxões obesos que parecia malha de bailarina feita de cáqui, rasga. Piora quando ele tenta se jogar sobre o capô de um carro estacionado. Abre de cima abaixo.
  O homem se esconde atrás do veículo e some. O tiroteio acaba e vi que em nenhum momento, graças aos céus, os bandidos viram o policial gorducho. Estavam era trocando tiros com os seguranças de um banco e de um carro-forte. Não vi se o policial tinha armas, mas sei que, se tinha, economizou bala. Fez bem, pois cada bala atirada custa módicos R$ 6 para desconto na folha no final do mês.
   Depois, com os nervos no lugar, parei para observar melhor. Os bandidos já tinham ido embora, a polícia apareceu, os seguranças ficaram amarelos e o povo se borrou de medo. Algumas pessoas foram dar apoio moral ao policial que virou motivo de chacota. A galera perguntava como é que um cara tão gordo, com a barriga maior que a minha e a sua juntas,????????????¸????????: podia estar atuando na rua. Se não levou tiro foi por sorte. Se não foi atropelado pelos carros em velocidade, foi uma questão de cinética.
  Tá bom. Passou o tempo e eu já tinha esquecido do assunto, quando na semana passada estive no Pelourinho. Pode-se afirmar que o Pelô está às moscas. Tanto que não tem quase turista pelas ruas, as praças estão tristes e caladas e somente os vendedores de fitinhas do Bonfim, camisetas com a marca do Olodum e quadros naifs ainda insistem, porque não tem jeito mesmo. Ou vende ou cai na marginalidade, voltando ao tempo em que o Pelourinho era reduto de putas, travestis e polícia civil. O lugar está tão vazio que eu conversava e ouvia o eco. Fiquei todo arrepiado. Foi ali, já indo para o Terreiro de Jesus que presenciei uma verdadeira sessão pastelão. Um policial baixinho corria atrás de um pivete. O garoto se divertia dando um baile no PM. O oficial mais gordo que um porco de historinhas infantis suava e tentava pegar o garoto e nada. O menino sumiu numa viela e dei graças que o policial obeso não lembrou de puxar o revólver. Outro que soube economizar bala.
  Tive de dar risada e seguir em frente. Pasme! No meio da Praça da Sé, parada como se fosse uma escultura de Eliana Kertész, daquelas que ficam em Ondina, estava uma policial feminina aloirada. Uma beleza de obesidade quase mórbida. Um alvo fácil para qualquer inimigo da polícia e olha que o que estão matando de policiais, só tem correlação com o que os índios fizeram com a Sétima Cavalaria. Também, como policial gordo pode correr atrás de bandido, ou pior, correr do bandido? Agora ando com a mania de ficar enumerando PMs gordos, barrigudos, com a bunda grande, com peitões ou atarracados e mentirinhas (como antigamente se dizia de quem tem as pernas mais curtas que o resto do corpo).
  Foi então que tive a certeza que é necessário que o comandante da Polícia Militar mande, de imediato, efetuar a prisão do cozinheiro, do nutricionista, do preparador físico e do próprio policial que tem mais de 110 centímetros de barriga, que ????????????¸????????:a farda não caiba no corpo ou que o sutiã fique enforcando. Isso para o bem da corporação e para evitar que eles virem tábua de tiro ao alvo. Ou tão grave quanto: vire motivo de piada e de crônica sem graça. Um gordo falando de outro. Êta raça que não se compreende.
   Deu fome!


  
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. e-mail: jfk6@uol.com.br

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sábado, 5 de julho de 2008


Uns caras estranhos

 

 

Jolivaldo Freitas

 

 

Ando morrendo de medo de assistir novela e outros programas ou de encontrar conhecidos nas ruas e nos shoppings, pois ninguém tem mais coragem de andar à toa por aí. Meu receio é de não poder dormir, com medo de assombração. Eu, que desde pequenino tenho medo de careta. É que os artistas e aqueles seres comuns, classe média, que têm um plano de saúde ou uma graninha sobrando, vem se entregando, sem resistência, à ditadura do fashion ou à busca da fonte da juventude.

     Como ainda não descobriram esta fonte, coisa que Yañez Pizón e tantos outros desbravadores andaram atrás, desde as florestas da América Central até a região amazônica, a medicina em conluio com a estética achou um termo: lifting, botox e cirurgia de redução do estômago. Os consultórios e clínicas estão cheios de gente em busca dos anos perdidos, ainda mais que os procedimentos baratearam de preço e veja que tem aplicação de botox de 100 reais. Uma lipoaspiração pode sair até por módicas mensalidades de 120 reais.

      Então eu estava assistindo a um filme e quando terminou passei de vez para outro canal, sem respirar antes. Foi quando me deparei com Elza Soares cheia de botox e pensei na série Jornada nas Estrelas, aonde uma nave estelar vai ao espaço até onde ninguém jamais esteve. Achei que ela ganharia qualquer Oscar de caracterização de ser extraterrestre. Na mesma hora mudei para um canal de amenidades e me bato com Nizan Guanaes, que fez cirurgia de redução de estômago. Nizan estava com ar triste, mesmo tentando ser engraçado. Eu estava acostumado com ele com os cabelos meio encaracolados, gorduchinho, genial e risonho. Acho que a comida está fazendo falta ao seu bom humor.

     Mudei para a novela e vejo aquela atriz, que não lembro o nome, mas que é mulher de Tarcísio Meira, falando com os beiços parecendo bico de pato. Chega a dar agonia, pois não consigo tirar os olhos dos lábios que foram engrossados e então ela faz diálogo com outro ator, que minha memória está danada e não me faz lembrar o nome e o cara está estranho. Já na novela das sete vejo Cristiane Torloni, de saudosa memória, que me fez colar tantas páginas da revista Playboy, tão plastificada que pensei o que será que estaria achando aquele ex-marido dela, cujo nome teimo em não lembrar, que era psicanalista e tinha até um programa de análise via Embratel para o povão.

     Então vejo numa coluna social, não sei de Janete Freitas, Lena Lebram, July, Michel Telles, Gilka Maria, Regina Coeli, Terezinha Cardoso (estou aproveitando para fazer exercício de memória) uma socialite que deve ter no mínimo 70 anos, mas com uma carinha de 69, com a pele branca parecendo frango congelado. Decidi dar um tempo, desliguei a televisão, pois se passa mais um tempo eu terminaria por decidir tirar a barriga, que deu tanto trabalho para criar, com barris e barris de chopp, picanhas, maminhas, alcatras, maionese, Coca Cola, lasanha, mocotó, mugunzá, fato, dobradinha, pizza alho e óleo e até filet au poivre ou uma bela feijoada, daquelas de comer e chamar a ambulância, ia procurar os especialistas e fazer um mutirão para:

1 – Colocar botox

2 – Fazer plástica

3 – Me submeter à lipoaspiração

4 – Reduzir o estômago

5 – Implante capilar

6 – Cirurgia de redução da bocha (a pele que fica abaixo do olho) como dizem os gaúchos

7 – Alongamento peniano (nunca estaremos satisfeitos com a centimetragem que temos)

8 – Implante dentário

9 – Peeling

10 – Colágeno

 

      Imaginei que além de ser caro, muito mais que tunar (dar uma guaribada ô seu néscio) um carro, não daria certo. Poderia ficar um cara bonitão, mas triste e sem saber onde começava a cara e onde terminava a bunda. Melhor não mexer. Tem dado tudo certo. Rsrsrsrsrs.

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quinta-feira, 3 de julho de 2008


A ariranha de Ivete. Na Lata. O coveiro e o Leônico

Jolivaldo Freitas

 

Também quero e quem não quer. O Brasil todo quer ver a ariranha de Ivete Sangalo. Quem já viu diz que é coisa graúda, taluda, fofa e – raridade – bonita de se ver. Para mim bastava dar uma olhadinha nas páginas da Playboy e daí correr para a galera. Seria bom ela mostrar logo, para acabar com esta agonia que fica na gente quando ela expõe aqueles pernões que chega a dar medo de tão maciços. Interessante é que eu, por não gostar muito de Axé Music (expressão criada por total felicidade, pelo sarcástico jornalista baiano Agamenon Brito) terminei por incluir Ivete Sangalo como desafeto, assim mesmo, de graça, sem motivo, dentro daquele conceito de que "quem anda com porcos, farelo come" ou "diga-me com quem andas...".

    Mas, mais interessante ainda, é que, por causa de duras críticas que certa vez li a respeito da estrela baiana, na imprensa baiana, decidi ir fundo para ver o que ela pensava a respeito de um bocado de coisas e descobri uma Ivete irreverente, inteligente (pois é preciso ter neurônios para inventar piadas rápidas ou sair de uma saia justa e isso ela faz muito bem) e cheia de opiniões cruéis e debochadas a respeito de tudo ou quase tudo, inclusive com autocrítica e críticas coerentes a respeito de estrelismo, sexo, carreira e fugacitate. Deixando de lado este papo careta, quero dizer mesmo que QUERO VER A ARIRANHA DE IVETE. Vou comprar três exemplares: um para o quarto, um para andar na pasta e outro para o banheiro. Vá lá que as páginas fiquem coladas...

 

Falando na Lata

 

Tudo o que falta na imprensa escrita baiana ou não, aquela avaliação tirana, uma nesga de ironia sobre os fatos, uma crítica tipo mão-boba sobre a notícias dos outros, uma avaliação inesperada ou um ponto obscuro nem que seja sobre gastronomia ou horóscopo, tudo está num blog que tem tudo para se firmar como a melhor, grande, incomparável, imensurável (outro dia vim aprender com minha filhinha o que é adjunto adnominal e fiquei me achando), e que é feito por não um, ou dois, ou três, ou meia dúzia, mas por um bando, um grupo, uma trupe de Tuaregs, ciganos, bandas-voou, acadêmicos, ensaístas, articulistas, escrotos, geniais e lúcidos jornalistas que atacam como Seleção Argentina e defendem como time de Escolari. Sem nenhuma publicidade ou chamariz, já são quase 200 (será que estou exagerando ou já passou este número?) visitas diárias. Verifique no seguinte endereço: falandonalata.wordpress.com. Outra coisa: o blog está aberto a todo e qualquer jornalista sindicalizado que queira colaborar. Ô Mário Kertész. Ô Zé Eduardo. Ô Varela. Ô Emmerson, meus caríssimos amigos. Lembrem de falar do nosso blog.

 

O coveiro e o Leônico

 

Lembro, ainda bem garotinho, quando não sabia ao certo se eu era torcedor do Ypiranga, que meu avô morreu amando e meu tio tinha até um protetor de selim de bicicleta com o escudo em amarelo e preto, do Bahia ou do Galicia, que o Leônico era chamado, pela imprensa, de sucursal do Bahia. Todo mundo "sabia" que o Leônico não tinha time. Servia apenas para duas coisas: ser laboratório de teste de neojogadores do tricolor e entregar o campeonato para a torcida do Bahia. Para isso era tido e havido, que recebia uma bonificação. O time nem torcida tinha.

    O Ypiranga, taí no chove-não-molha, o que dói no coração; e o Galicia corre atrás de voltar a ser o santo forte lá de Compostela, aqui pelos nossos gramados. Aí vem o Leônico, de triste memória, contrata um coveiro para enterrar o Galícia. O Guanambi precisava dar de dez , e não é que conseguiu. Milagre igual só no Mundial da Argentina, quando o Peru, que é uma espécie de Leônico, conseguiu tomar de seis dos argentinos, deixando o Brasil igual ao Galícia: morto e enterrado. Pelo que dizem, os jogadores ganharam uns níqueis e o coveiro que era o goleiro, uma pá novinha. Vá enterrar a mãe, seu saquê!

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