sexta-feira, 9 de maio de 2008



Meu livro, radialistas, santos e malucos

   Ô, miséria! Que semana, a que passou. Foram dias de notícias ruins o tempo todo, sem descanso. Só o que me fez rir foram os comentários de Ildázio Júnior, da Transamérica, que faz um programa de escrache total, mas muito vivaz e inteligente. Coisa de DNA já que o pai Ildázio Tavares é dos maiores poetas brasileiras, articulista e até ópera já fez, o que demonstra que o homem é bom no que faz: além de ser um fazedor de filhos como nunca vi. Aliás, sempre me impressionei com quem escreve ópera. Fico abestalhado e para mim um cara assim é o mais inteligente do Brasil. Do Brasil não, mundo. Do mundo não. Do universo. E o Júnior saiu ao pai. Ele desabafou de forma tão interessante sobre o noticiário dos jornais da semana passada que deu até vontade de escrever a respeito.
  Aliás, por falar em rádio, é onde hoje, tem mais vida inteligente que em outras paragens. O radialismo, que todos achavam, ia acabar, por esgotamento de sua fórmula, por influência da TV e agora da Internet, tem mostrado um fôlego de gato correndo de cachorro grande.Não se pode deixar de citar o esquema da programação da Metrópole, de Mário Kertesz, que fazendo sucesso com sua fina ironia e cultura geral, determinou que outras emissoras buscassem agilidade e criação. Quem vai duvidar da inteligência de Zé Eduardo, também na Transamérica, sem falar seu tino para grandes investiduras? Correndo na outra ponta temos Emmerson José na Bahia FM e Jefferson Beltrão, na Globo FM. Perfilino Neto, na Educativa, é o Papa. Quem não se liga nos comentários de Malu Fontes, esta jornalista que se bandeou para o rádio e está dando show não sabe o que está perdendo. O noticiário esportivo das FMs e AMs é pirante. Mesmo um campeonato baiano pífio, peba, os caras conseguem animar como se cada jogo entre Ideal de Santo Amaro e Quero-Quero de Canabrava fosse uma final de Copa do Mundo.
  Foi justamente das rádios que partiram os mais insólitos e também os mais inteligentes comentários acerca dos dramas e tragédias que vivenciamos na última semana. Começando com o caso Isabella, levado à exaustão. Do jeito que as emissoras de TV transformaram o drama num pastelão mexicano, com fortes doses de emoção e até pathos, com certeza que vamos ter um milagre de Isabella, dentro de alguns dias, pois sempre aparece um maluco para dar depoimento, e ela será canonizada. Brasileiro adora deuses e santos. Minha avó Juvência, que Deus a tenha, na dúvida usava no pescoço um escapulário de Santo Antonio. Na parede da sala, num lado, o Sagrado Coração de Jesus. No outro lado a Santíssima Trindade sobre símbolos da maçonaria. Num canto a imagem em gesso de Iemanjá. Num outro o de Janaína. Em um lugar que não lembro agora, tinha a estátua do caboclo. Uma réplica daquele índio que simboliza o 2 de Julho. Quer mais? Tinha duas Bíblias. A da Igreja Católica Apostólica Romana e uma dos protestantes.
   Ela acendia vela para os santos católicos e incensava a casa em nome dos ícones da Umbanda. Só não acendia vela para o diabo. Mas, nem por isso, deixamos de pegar catapora, gripe, resfriado, espinhela caída e frieira. Se levarmos em conta, que por menos do que aconteceu com Isabella, Santa Maria Goretti virou culto, com direito até a santinho, espere para ver. Vai virar santa antes mesmo de Irmã Dulce, que tem se virado em seu santo sepulcro com o caso Neylton da Silveira, mas aí é outra história.
   A semana que passou e, Deus nos livre de acontecer de novo, foi lasca. Ainda me apareceu o professor maluco da Escola de Medicina da Ufba com sua "teoria da relatividade". Tudo bem que Olodum não é cultura, mas é arte pop. Berimbau não é oboé e Medicina da Ufba não é USP. Mas o homem querer esconder sua própria culpa e a culpa da Ufba de ser uma universidade peba, em boa parte dos cursos é dose. Justamente por causa de professores e administradores como ele, que vêem a situação ruim, mas ficam encastelados, comendo a carne podre, como bactérias. E o resto que se lasque.
  Para piorar a semana, me vem o Bahia e não entrega o jogo. Era para deixar o Vitória da Conquista golear e levar o Campeonato Baiano. Era melhor levar uma surra dos conquistenses, que foram na verdade os melhores da competição, do que ver a torcida do Vitória rindo a gosto. Só dando surra de cansanção em todo mundo do outrora Esquadrão de Aço. Pior é que vamos ter de sofrer, a partir de agora, com esta porcaria na segundona do Brasileiro.
  Deixa estar. Quero aproveitar este espaço e convidar vocês para o lançamento do meu novo livro. São contos eróticos e algumas crônicas nada eróticas, mas que botam para jambrar. Apareça na Livraria Civilização Brasileira do Shopping Barra, quinta-feira depois das 18 horas. O livro é baratinho. Mulher não paga, mas também não leva. Que esta semana seja melhor que a outra.


  
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. e-mail: jfk6@uol.com.br

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