sábado, 29 de novembro de 2008


Sábado, 29 de Novembro de 2008  
Dedada no dos outros é refresco

   Não sou eu quem está inventando. Está em todos os meios. O Instituto Nacional do Câncer vem desaconselhando o exame de toque retal, que vem a ser a velha "dedada no fiofó" (lá nele, diga-se de passagem) e também o exame de PSA. Ou seja: o sargento Isidório, acho que ex-deputado estadual, tinha razão quando levou a dedada e chiou parecendo porco quando vai para o abate. Disse em plenário que estava um caco.
   Vocês lembram a dor de cabeça que me deu uma crônica teclada e postada aqui mesmo, neste espaço sobre o tema?
  Foi há 5, 10, 15 anos? Seu Lio, nosso revisor aqui do jornal sabe, pois ele foi o único a me defender dos impropérios do homem, assim que soube do caso lá na Assembléia Legislativa. Lembre que ele denunciou aos seus pares - onde é possível que alguns... deixa para lá -, tinha sido violado, estava envergonhado, traumatizado e principalmente decepcionado, pois o médico nem para dar uma palmadinha nas costas, de consolo, depois de ter cometido o ato (quer dizer, o procedimento). Flor e telefonema no dia seguinte, nem pensar. Médico mais insensível.
   Agora que os pesquisadores deram o aval, todos os frouxos e preconceituosos vão tirar o reto da reta. Com isso vai morrer uma cacetada, pois os pesquisadores informam que 25 por cento dos tumores que afligem o homem têm correlação com a próstata. E que, a cada 24 minutos, no Brasil, um machão morre por causa de câncer na próstata. É pouco ou quer mais?
   Eu não tenho nada disso. Só não vou ao proctologista é todo dia (por causa das más-línguas, hahaha! Pega mal). Os fofoqueiros iriam dizer que estou mesmo é viciado no toque e os mais sacanas irão me acusar de uma ligação perigosa com o médico. Aliás, se vissem o médico que freqüento (freqüento é forma de dizer, pois a palavra freqüentar tem uma conotação de assiduidade e o que quero passar é que vou lá anualmente.... olha... deixa pra lá... explicar é complicado) morriam, aí sim, de medo, O cara tem as mãos do tamanho de uma pata de elefante e se não fosse jeitoso E PROFISSIONAL, viu seu maldoso, estropiaria qualquer filho da mãe.
   Lembro que na primeira vez fui lá, indicado pelo meu cardiologista e pesquisador doutor Juarez Brito (rei de New Orleans), levei um susto e quase me pico. No aperto de mão deu tremedeira e eu disse:
  - Doutor, não vou agüentar!
   Ele me tranqüilizou: "Gueeenta!". E conversa vai, conversa vem o cara mandou brasa. Não fiz uuiii! Aaaiiii! Valei-me Jesus, porque macho que é macho agüenta essas vicissitudes sem chiar. Quem chia é mulherzinha ou fresco.
   Foi, na época, o que faltou ao sargento Isidório, quando o médico enfiou lá no seu isidoro. Não agüentou. E ainda ouviu chiste do médico:
  - Se não agüenta, véio... por que veio?
   O deputado, vocês lembram, disse que tinha ido ao inferno em vida e que seu (lá dele) zé-de-obrá estava ardendo parecendo que tinha comido pimenta malagueta. Agora os cientistas mostram que ele tinha razão. Não era preciso enfiar, digo, atochar o seu (lá dele) toba. Vá ver que o médico era simpatizante do PFL e se vingou invadindo o reduto do petista. Também o PT anda botando no de todo mundo...


  
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. e-mail: jolivaldo.freitas@yahoo.com.br

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Vassoura conceitual

 

Dimitri Ganzelevitch        

 

                                      

É impressionante constatar quanto Lisboa mudou nestes últimos 30 anos. Mais impressionante ainda é não ter perdido sua alma. Permanece igual a ela mesma, com seu charme discretamente provinciano, a harmonia e a diversidade de seus bairros, a excelência de sua gastronomia, especialmente a caseira, a conservação de seus magníficos monumentos em contraponto às ousadias da arquitetura contemporânea. Afinal um dos maiores arquitetos do século não é o português Álvaro Siza?

E, para quem não conhece, recomendo uma visita prolongada ao Centro Cultural de Belém. Alem de magnífico edifício, alia a mais atual arquitetura ao tradicional uso, como suporte, do mármore rosa tratado em bruto, sem polimento. O imponente edifício integra-se perfeitamente ao espaço, cujo ponto principal de atração continua sendo o soberbo Mosteiro dos Jerônimos. A cada viagem, tento visitá-lo e quando tem algum espetáculo, não deixo de assistir, nem que seja pela sóbria beleza do teatro.

 

Numa das minhas primeiras visitas ao CCB, entrei numa grande sala de exposições, situada no subsolo. A mostra era de conceituais franceses. Numa parede, uma série de fotografias da floresta amazônica montadas sobre placas de acrílico iluminadas por transparência. Perto, outra série, uns vinte quadrados vermelhos, todos rigorosamente idênticos. Para ser sincero, me lembro de pouca coisa mais, senão do profundo tédio que emanava do conjunto. Lembrei de outra exposição, desta vez em Barcelona, na Fundação Joan Miró. O cineasta/artista Peter Greenaway, autor de "O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante", tinha montado um trabalho conceitual sobre o tema de Ícaro. A exposição, de grandes proporções, era exaustiva festa para os olhos e a mente. Tudo tinha sido explorado. A cera, as plumas, o mar, o sol, a terra, o vento. Os visitantes passeavam encantados, fascinados, entre as montagens recriando as diferentes etapas do mito.

Lembrei também de uma bienal em São Paulo. Entrava-se no corredor obscuro com um espelho colocado debaixo do queixo e, ao chegar num espaço maior, com farta iluminação, panos e véus pendurados e voando pelo teto, perdia-se completamente a noção da limitação da sala, com a poética sensação de andar nas nuvens. 

Neste momento, aqui, estes artistas franceses me pareciam abusar de mesquinha masturbação intelectual, esquecendo que os visitantes também têm direito a usufruir um pouco do fazer-arte, sem se sentir analfabetos primários.

O cúmulo foi ao chegar perto de uns degraus defronte a uma porta hermeticamente fechada. O artista tinha colocado com o máximo cuidado, a igual distância dos degraus e da obra vizinha, um balde com água suja, uma vassoura nova e um pano de chão usado.

Contemplei o conjunto de objetos domésticos sem definir a proposta. Talvez uma postura de contestação, questionamento sobre o sentido da exposição, uma forma voluntariamente corriqueira de recuperar o arrogante espaço...

Estava perplexo, sentindo uma profunda irritação tomar conta de minha garganta, quanto ouvi "O senhor desculpe". Atrás de mim, uma mulher vestida de preto, cabelo cinzento, pedia passagem. Afastei-me. Com absoluta calma, ela pegou a vassoura, o balde, o pano e atravessou a sala para desaparecer na porta de entrada.

Acabava de limpar a sala.

 

 

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quinta-feira, 27 de novembro de 2008


Do blog de Paixão Barbosa

POLÍTICA & CIDADANIA


27/11/2008 às 09:02
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OMISSÃO CRIMINOSA E SECULAR

Paixão Barbosa


O Vale do Itajaí inundou de novo. As enchentes já tinham causado, até a noite da quarta-feira, 97 mortes e deixado milhares de famílias desabrigadas apenas em Santa Catarina. Mortes e famílias ao desabrigo também em outros Estados. Cá, no Nordeste velho de guerra, é a estiagem que volta a matar (não se sabe quantos, tal é a miséria) e a desalojar milhares de famílias que saem à procura de locais onde haja água para beber.



A ação dos governos estaduais e federais responde ao clamor público e o presidente Lula sobrevoou as áreas inundadas de Santa Catarina para, depois, anunciar com o rosto compungido e quase choroso, a liberação de uma verba de R$ 1, 970 bilhão que será destinada a reparar os danos do excesso de chuvas e da carência das mesmas. É isto mesmo, os sedentos nordestinos também foram lembrados.



O ponto, porém, não é este. A questão é: será tão louvável assim esta ação emergencial, mesmo que ajude a minorar os prejuízos sofridos? E as vidas que já se perderam e as que ainda se perderão?


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Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008  
Dedada no dos outros é refresco

   Não sou eu quem está inventando. Está em todos os meios. O Instituto Nacional do Câncer vem desaconselhando o exame de toque retal, que vem a ser a velha "dedada no fiofó" (lá nele, diga-se de passagem) e também o exame de PSA. Ou seja: o sargento Isidório, acho que ex-deputado estadual, tinha razão quando levou a dedada e chiou parecendo porco quando vai para o abate. Disse em plenário que estava um caco.
   Vocês lembram a dor de cabeça que me deu uma crônica teclada e postada aqui mesmo, neste espaço sobre o tema?
  Foi há 5, 10, 15 anos? Seu Lio, nosso revisor aqui do jornal sabe, pois ele foi o único a me defender dos impropérios do homem, assim que soube do caso lá na Assembléia Legislativa. Lembre que ele denunciou aos seus pares - onde é possível que alguns... deixa para lá -, tinha sido violado, estava envergonhado, traumatizado e principalmente decepcionado, pois o médico nem para dar uma palmadinha nas costas, de consolo, depois de ter cometido o ato (quer dizer, o procedimento). Flor e telefonema no dia seguinte, nem pensar. Médico mais insensível.
   Agora que os pesquisadores deram o aval, todos os frouxos e preconceituosos vão tirar o reto da reta. Com isso vai morrer uma cacetada, pois os pesquisadores informam que 25 por cento dos tumores que afligem o homem têm correlação com a próstata. E que, a cada 24 minutos, no Brasil, um machão morre por causa de câncer na próstata. É pouco ou quer mais?
   Eu não tenho nada disso. Só não vou ao proctologista é todo dia (por causa das más-línguas, hahaha! Pega mal). Os fofoqueiros iriam dizer que estou mesmo é viciado no toque e os mais sacanas irão me acusar de uma ligação perigosa com o médico. Aliás, se vissem o médico que freqüento (freqüento é forma de dizer, pois a palavra freqüentar tem uma conotação de assiduidade e o que quero passar é que vou lá anualmente.... olha... deixa pra lá... explicar é complicado) morriam, aí sim, de medo, O cara tem as mãos do tamanho de uma pata de elefante e se não fosse jeitoso E PROFISSIONAL, viu seu maldoso, estropiaria qualquer filho da mãe.
   Lembro que na primeira vez fui lá, indicado pelo meu cardiologista e pesquisador doutor Juarez Brito (rei de New Orleans), levei um susto e quase me pico. No aperto de mão deu tremedeira e eu disse:
  - Doutor, não vou agüentar!
   Ele me tranqüilizou: "Gueeenta!". E conversa vai, conversa vem o cara mandou brasa. Não fiz uuiii! Aaaiiii! Valei-me Jesus, porque macho que é macho agüenta essas vicissitudes sem chiar. Quem chia é mulherzinha ou fresco.
   Foi, na época, o que faltou ao sargento Isidório, quando o médico enfiou lá no seu isidoro. Não agüentou. E ainda ouviu chiste do médico:
  - Se não agüenta, véio... por que veio?
   O deputado, vocês lembram, disse que tinha ido ao inferno em vida e que seu (lá dele) zé-de-obrá estava ardendo parecendo que tinha comido pimenta malagueta. Agora os cientistas mostram que ele tinha razão. Não era preciso enfiar, digo, atochar o seu (lá dele) toba. Vá ver que o médico era simpatizante do PFL e se vingou invadindo o reduto do petista. Também o PT anda botando no de todo mundo...

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008


Poesia

 OS  ECLIPSES

 

Ernane N.A.Gusmão

 

Reverso do que dizem cientistas,

Eclipses são namoros siderais.

Selene busca o sol nas suas pistas

E dá-lhe um longo beijo – e quer mais!.

 

Os chamados eclipses parciais

São só encontros menos intimistas

E ,diferentes dos que são totais,

Não há uma cobertura às nossas vistas.

 

É Sol,é Terra,encobrindo a Lua

É Lua,é Gaia, abraçando o sol

Tanto de noite quanto no arrebol.

 

Se uma das esferas vai  fugindo,

Reparem que deveras se despindo

Ela se mostra totalmente nua.

 

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enagursa@atarde.com.br

29.08.08

 

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domingo, 9 de novembro de 2008


A eleição e o Cão

 

Jolivaldo Freitas

 

Bastou João Henrique ganhar as eleições para continuar prefeito de Salvador, que apareceu padrinho de tudo quanto foi lado. Não deu tempo nem o homem se debulhar em lágrimas, coisa que ele faz bastando ver uma borboleta voando com uma asa só. Gosta mesmo de chorar. Os maldosos dizem que desta vez João não chorou porque o ministro Geddel Vieira Lima proibiu. E dizem que ele não chorou durante a campanha, nem mesmo quando estava sendo desconstruído pelos adversários, alguns que estão nas fotos da edição de hoje dos jornais, junto com ele. Mas, aí, quem proibiu de chorar foi a primeira-dama, que disse:  "assim não dá, João! Já basta os meninos lá em casa". E quem também disse "não chore, homem", foi seu marqueteiro, Maurício Carvalho.

     Falar nisso, Mário Kertèsz, no domingo passado na Metrópole, chamou a mãe dos marqueteiros de careca e o pai de cabeludo, as irmãs de piriguetes e os irmãos de malhados. Doeu. Mas não ligamos não, pois Mário fala o que vem na cabeça e depois se arrepende. Ele disse que marqueteiro só faz atrapalhar. Em muitos dos casos  não dá para tirar a razão do comunicador. Aliás, as meninas que trabalham com ele dizem que ele também gosta de marear os olhos quando se emociona.

     Marqueteiro é uma profissão do Cão. O que João Santana, mais conhecido como Patinhas, sofreu agora com a estratégia de querer chamar a atenção para a sexualidade do Kassab, durante o programa de sua cliente Marta Suplicy, em São Paulo, nem é bom falar. O cara que era visto como o guru da reeleição de Lula, virou, de uma hora para outra, um escroto, na opinião dos jornalistas e dos próprios colegas marqueteiros. Semana passada, durante encontro de apoio de intelectuais a João Henrique, na livraria Tom do Saber, no Rio Vermelho, onde fica a pizzaria Piola, de propriedade do marqueteiro, um engraçadinho disse: "Pó! Como com Lula tudo acaba em pizza o cara aplicou o dinheiro de forma correta". Foi repreendido na hora, acho que pelo escritor Oleone Coelho Fontes. Vamos reconhecer que a piada foi de mau gosto.

   Marketing político é coisa antiga e vem desde os tempos em que não existia a palavra marqueteiro. O coronel Armando Nascimento, lá das bandas do Quijingue, no tempo que a área era distrito de lugar nenhum, estava enlouquecido com seu candidato, da UDN, que não decolava. Por mais que o homem tivesse apoio dos coronéis, o povo não se manifestava. Daí ele teve uma sacada de "marketing". Disse que o candidato tinha parte com o Cão. E que o Satanás iria dizer o nome de cada um que não votasse nele. E depois iria buscar a alma de todos.

Na dúvida todo mundo elegeu o udenista. Menos a família de Zé da Água. Como

Se ficou sabendo disso? Dias depois do resultado da eleição Zé perde os dois jegues que ajudavam na venda da água, mordidos por cobra. E cobra é coisa do Diabo. O filho maior foi caçar passarinho e levou um tiro no olho. A mulher do homem sumiu com o vendedor de panela de ferro e a casa pegou fogo quando caiu um raio. Ele, no desespero foi procurar o coronel Armando, disse que tinha votado do contra e sabia que estava sendo punido pelo Cão. O coronel ficou de dar adjutório, e parece que deu certo a palavra dele com o Belzebu, pois a mulher de Zé voltou, a filha que dera pra ruim, pediu perdão e foi parar no convento lá de Senhor do Bonfim. Zé ganhou um jegue e o filho cadoca deixou de caçar arribaçãs e foi ajudar na lide. E todos viveram felizes para sempre. Ou até o Cão vir cobrar as promessas.

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sábado, 8 de novembro de 2008



Sumindo pela vida

   Some gente demais no Brasil. Os desaparecidos somam os milhares. E onde se esconde esta gente toda? Todos os dias, nos jornais, aparecem fotos de quem sumiu. É a família tentando encontrar e são raros os casos de retorno à casa ou de encontro. Pelo que se pode deduzir, pelo que se vê nos jornais, os desaparecidos, em sua maioria, são doentes mentais e adolescentes (aliás, não vejo muita diferença entre um e outro). Os primeiros, pelos motivos óbvios. Os segundos, pelos óbvios motivos de querer punir pai ou mãe, por uma boa surra dada; ou levados pelos questionamentos próprios da idade.
  Um dos quadros de maior sucesso na televisão baiana é o "Desaparecidos", da TV Bahia. Toda semana parentes chegam cedo na Praça da Piedade, levando cartazes com fotos e muita emoção. São casos interessantes e uma pena que a TV tenha pouco tempo para que cada história fosse contada. Se bem que poderia destacar um caso especial e aprofundar uma matéria, como se faz quando alguém é encontrado. É um bom serviço que a mídia presta, quando se sabe que o sentimento da perda de um filho, por exemplo, é indescritível.
  Muitas idéias surgiram e passaram, para ajudar na descoberta de um desaparecido, pois além dos doidos e dos adolescentes (o que vem a ser a mesma coisa), muitas crianças somem também. Nos Estados Unidos as redes de supermercados colocam fotos de desaparecidos nas sacolas ou nos carrinhos. Na França e Inglaterra, o Metrô serve de apoio com fotos nos vagões. No Brasil, acho que por idéia do publicitário Washington Olivetto, na década de 70 do século passado, o Carrefour colocou fotos e informações nas sacolas de compras.
  Aqui na Bahia nunca vi uma ação, uma iniciativa da Polinter, como por exemplo esclarecer ao público o seu papel. Criar mecanismos de divulgação que não seja aqueles cartazes com dezenas de fotos que são espalhados em poucos locais, e basicamente nas Estações Rodoviárias. Aliás, ultimamente nem nestes locais tenho visto. Eu juro que não sei o que a Polinter faz além de receber, através da burocracia, as queixas dos parentes. O povo nem mesmo sabe que não precisa esperar para dar queixa do sumiço. E qual o índice de solução do problema obtido pelo pessoal da Polinter? Vamos deixar pra lá. Eu mesmo quando tinha 14 anos, na adolescência (o que significa dizer mais maluco do que sempre), me piquei de casa porque não aceitava as broncas do meu pai, coisa que somente o tempo mostra que eram justas e necessárias. Rodei lugares que nem é bom falar e jamais fui abordado por um policial ou agente de menores. Quando cansei, voltei.
  Lembro de um caso, de um amigo, que sumiu por outros motivos. A namorada engravidou e ele pirou na hora de casar no Fórum Ruy Barbosa, numa manhã de sábado. Casamento coletivo. Ele pediu para ir fazer xixi e não voltou mais. A família desesperada procurando, até que meses mais tarde ele escreve de Cochabamba, na Bolívia. Queria voltar para casa. Tinha engravidado uma boliviana e queriam casá-lo na raça. Ele era criado por três tias, que aceitaram seu retorno com imensa felicidade e ainda guardaram uma surpresa. Fomos todos buscá-lo na Estação Rodoviária – fazia quase um ano que tinha corrido do Fórum – fizemos festa e quando chegamos em casa o amarramos para que a as velhas tias dessem uma surra de cipó-caboclo. Aproveitamos e tiramos umas lasquinha também, pois nos fez perder aquela boca-livre do dia do casamento.
  Lembrei também de um lance interessante, de quando Casemiro Neto trabalhava na TV Bahia e fazia o "ao vivo" da Piedade. Certo dia, estando no ar, passava um caminhão nas proximidades, que levava na carroceria um gay animando uma manifestação qualquer. Quando ele vê Casemiro entrevistando os parentes de desaparecidos, pára o carro e grita para a multidão:
  - Meninas... alguém aí perdeu o bofe? Se perdeu Casemiro Neto acha.
  Até as mães dos desaparecidos tiveram um momento de descontração.


  
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. e-mail: jfk6@uol.com.br

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