domingo, 9 de novembro de 2008


A eleição e o Cão

 

Jolivaldo Freitas

 

Bastou João Henrique ganhar as eleições para continuar prefeito de Salvador, que apareceu padrinho de tudo quanto foi lado. Não deu tempo nem o homem se debulhar em lágrimas, coisa que ele faz bastando ver uma borboleta voando com uma asa só. Gosta mesmo de chorar. Os maldosos dizem que desta vez João não chorou porque o ministro Geddel Vieira Lima proibiu. E dizem que ele não chorou durante a campanha, nem mesmo quando estava sendo desconstruído pelos adversários, alguns que estão nas fotos da edição de hoje dos jornais, junto com ele. Mas, aí, quem proibiu de chorar foi a primeira-dama, que disse:  "assim não dá, João! Já basta os meninos lá em casa". E quem também disse "não chore, homem", foi seu marqueteiro, Maurício Carvalho.

     Falar nisso, Mário Kertèsz, no domingo passado na Metrópole, chamou a mãe dos marqueteiros de careca e o pai de cabeludo, as irmãs de piriguetes e os irmãos de malhados. Doeu. Mas não ligamos não, pois Mário fala o que vem na cabeça e depois se arrepende. Ele disse que marqueteiro só faz atrapalhar. Em muitos dos casos  não dá para tirar a razão do comunicador. Aliás, as meninas que trabalham com ele dizem que ele também gosta de marear os olhos quando se emociona.

     Marqueteiro é uma profissão do Cão. O que João Santana, mais conhecido como Patinhas, sofreu agora com a estratégia de querer chamar a atenção para a sexualidade do Kassab, durante o programa de sua cliente Marta Suplicy, em São Paulo, nem é bom falar. O cara que era visto como o guru da reeleição de Lula, virou, de uma hora para outra, um escroto, na opinião dos jornalistas e dos próprios colegas marqueteiros. Semana passada, durante encontro de apoio de intelectuais a João Henrique, na livraria Tom do Saber, no Rio Vermelho, onde fica a pizzaria Piola, de propriedade do marqueteiro, um engraçadinho disse: "Pó! Como com Lula tudo acaba em pizza o cara aplicou o dinheiro de forma correta". Foi repreendido na hora, acho que pelo escritor Oleone Coelho Fontes. Vamos reconhecer que a piada foi de mau gosto.

   Marketing político é coisa antiga e vem desde os tempos em que não existia a palavra marqueteiro. O coronel Armando Nascimento, lá das bandas do Quijingue, no tempo que a área era distrito de lugar nenhum, estava enlouquecido com seu candidato, da UDN, que não decolava. Por mais que o homem tivesse apoio dos coronéis, o povo não se manifestava. Daí ele teve uma sacada de "marketing". Disse que o candidato tinha parte com o Cão. E que o Satanás iria dizer o nome de cada um que não votasse nele. E depois iria buscar a alma de todos.

Na dúvida todo mundo elegeu o udenista. Menos a família de Zé da Água. Como

Se ficou sabendo disso? Dias depois do resultado da eleição Zé perde os dois jegues que ajudavam na venda da água, mordidos por cobra. E cobra é coisa do Diabo. O filho maior foi caçar passarinho e levou um tiro no olho. A mulher do homem sumiu com o vendedor de panela de ferro e a casa pegou fogo quando caiu um raio. Ele, no desespero foi procurar o coronel Armando, disse que tinha votado do contra e sabia que estava sendo punido pelo Cão. O coronel ficou de dar adjutório, e parece que deu certo a palavra dele com o Belzebu, pois a mulher de Zé voltou, a filha que dera pra ruim, pediu perdão e foi parar no convento lá de Senhor do Bonfim. Zé ganhou um jegue e o filho cadoca deixou de caçar arribaçãs e foi ajudar na lide. E todos viveram felizes para sempre. Ou até o Cão vir cobrar as promessas.

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