terça-feira, 4 de março de 2008


A urucubaca do prefeito João Henrique

Jolivaldo Freitas (publicado originalmente na Tribuna da Bahia - 4/2/08)


Tem alguma coisa errada com o prefeito João Henrique. Desde a gestão de Lídice da Matta que não vejo tanta urucubaca junta. Para quem não sabe, urucubaca é uma mistura de azar, desacerto, conspiração e ziquizira, tudo num superlativo, macro, plus, do cacete, coisa do Cão. No tempo lidiciano, quando a prefeita sofria ataques cerrados do esquema da direita, que impedia sua administração de recolher o lixo da cidade, dar melhor atendimento na área da Saúde e planejar o próximo passo, só faltava cair uma chuva forte. Não é que caiu! Mas, aí era, com certeza, coisa do carlismo e não tinha nenhuma ingerência divina. A moça até merece uma segunda chance, tanto que sofreu.
Já o prefeito João não deve estar pagando o dízimo para sua igreja evangélica. Se estiver, seu nome não está na contabilidade divina. Quem sabe, nunca se sabe, o bispo Edir Macedo pode estar desviando a verba para concluir aquele palacete em estilo Luiz XVI que vem construindo lá pelas bandas do Sul. Acho que cabe uma CPI – Comissão Protestante de Inquérito. Como quem não dá o dízimo não tem direito à riqueza na terra, e muito menos às cem virgens no céu, e já me disseram que o prefeito dá adeus (juro que não é um trocadilho) com a mão fechada, vá ver que é por isso que tanta coisa chata tem acontecido com ele e com a cidade.
Semana passada eu tinha elogiado, pois o seu "Espicha Verão", em conjunto com a Bahiatursa – aliás, o presidente Domingos Leonelli sendo publicitário poderia ter divulgado melhor o evento, que foi de primeira grandeza, estava legal (Gal, legal, sacaram? Rsrsrs), mas é outro que dizem (não sei se foi o mestre Carlos Sarno ou João do Brinco) ser canguinha: só solta a verba depois de muito verbo. Eu havia garantido que ele fizera um acordo com Iemanjá e o mar ficou uma piscina. Mas, parece que ele contratou a deusa das águas mas não pagou. O que aconteceu? A mulher se retou e mandou uma ventania dos diabos, que destruiu de saída o palco flutuante que estava fundeado no Porto da Barra. De quebra lascou a vida da cidade. Mulher é vingativa, o prefeito devia saber há tempos.
O prefeito está mesmo é precisando de uns bons amigos, porque com os que tem é melhor rezar de joelhos, coisa que sua crença não permite. Sua religião – (a Rede Globo foi chamar de seita. Então, os evangélicos se uniram, para punir na Justiça, mas fizeram uma armação tão errada, que o feitiço virou contra o feiticeiro) – permite o exorcismo. Ele podia exorcizar os partidos da base governamental que estão com o diabo no corpo fazendo chantagens e mandar pros quintos dos infernos. Já encaixava no pacote meia dúzia de secretários que estão atrapalhando sua vida. Se ele não tiver coragem, que chame a mulher. A deputada é retada (antigamente se dizia mulher-macho, mas hoje a conotação é perigosa e não quero fugir do decoro).
Pois, como se não bastasse o prefeito estar levando uma surra de mandacaru, dada pelos deuses do mar e do tempo, ainda sofre uma constante conspiração e eu já tinha alertado. Para completar, não é que seus funcionários foram lá destruir um terreiro de candomblé na avenida Jorge Amado. Todo mundo sabe que na Bahia não se pode mexer com candomblé; muito menos Jorge Amado e Dorival Caymmi. Procurou farra com algum deles e os deuses africanos se unem em pandemônio. Foi isso que causou o temporal no meio da semana. Quebrou ânforas e camarinha, né? Quebraram a cidade do São Salvador da Baía de Todos os Santos. Mas, o prefeito é alma boa. Até já votei nele. Só não quero estar junto para não pegar urucubaca.
A vida do homem anda azeda. Nem caramelo adoça. Muito pelo contrário. Eparrê, minha santa!

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